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O processo de urbanização desenfreado pelo qual vem passando as grandes cidades do nosso país, acima da promessa de desenvolvimento, acarreta uma série de conseqüências negativas para a sociedade, como: violência, êxodo rural, falta de acesso à moradia, dentre outros. Esses fatores são seqüelas do desenvolvimento populacional não planejado, são “feridas urbanas”. que se formam nas “entranhas” e na superfície social, culminando numa cidade doente. Chamo de “feridas urbanas” aos elementos que configuram e demonstram a desigualdade social dentro de um espaço urbano, atingindo áreas como saúde, educação, segurança e habitação.
Os abrigos precários que se “equilibram” nas encostas e se multiplicam sob as marquises e viadutos, são chagas que nunca cicatrizam, pois estão em constante movimento, migrando e se adensando em algumas regiões, e rebrotando em locais antes contidos.
A inquietação, provocada pela observação dessas insuficientes habitações e os materiais utilizados na sua construção, impulsionou a pesquisa plástica que resultou em obras que sugerem identificação com a situação de extrema carência imposta por aquela realidade.
Para a produção dessas obras, me aproprio de materiais, como o compensado, coletados em lixões e refugos da construção civil. Esses materiais são trabalhados, no suporte pretendido, de forma a enfatizar a rudeza de suas propriedades matéricas, destacando, em sua precariedade, as feridas recidivas e em carne viva de uma urbanidade pós-industrial.
Copiar, veicular, usar a imagem de quadros, obras de arte, fotografias, esculturas, sem a devida autorização do autor é crime previsto na Nova Lei do Direito Autoral : LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998.