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TEXTO DE GRAÇA RAMOS

 


Jaci Mattos é uma artista que vem se revelando a cada dia. Sua obra é constituída de vestígios do lixo cotidiano, de madeiras carcomidas por xilófagos, térmitas e anobídeos, além do tempo.

Suas composições têm uma plasticidade e beleza excêntrica que nos remete, coincidentemente, à obra do artista espanhol Lúcio Muñoz (1929 - 1998) que toma os mesmos elementos heteróclitos e desprezíveis que utiliza esta artista.

Tive a oportunidade de ver nascer suas primeiras experimentações quando, minha aluna em Pintura III (2006), abandonou o tradicional modo de pintar, rompendo com o academicismo e o exercício da Escola, em detrimento da espacialidade alcançando a tridimensionalidade através desta matéria ulcerada e sem valor aos olhos comuns, mas, que nas mãos da artista, metamorfoseia-se em excelente elemento plástico.

O assunto da disciplina era a Paisagem Urbana, um mergulho na periferia cheia de favelas e construções nas encostas da cidade, “penduradas” quase no ar. Desse olhar crítico – artístico preocupado com o social surge uma obra fresca do ponto de vista contemporâneo, construída a partir desses elementos de aparência caótica, uma obra arrojada de certo ponto de vista inusitada.

Como bem observa:

“(...) também, nas favelas da cidade, casas de alvenaria ou adobe e barracos de madeira em um grande espaço carente de infra-estrutura e planejamento”.

Disciplinada e perseverante, Jaci vem desenvolvendo uma série bastante significativa, participando de diversas Exposições Coletivas, inclusive internacionais, Salões e Bienais. Portanto, uma artista que se revela prometendo muito êxito profissional.

Graça Ramos
Doutora em Belas Artes – Professora titular da UFBA

 

 

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